Eu, Deficiente


Nasci de um jeito
Um Jeito especial
Eu tenho síndrome de down

Eu não sou alérgico
Eu não sou patético

Eu sou paraplégico

Eu não consigo te dar um abraço
Eu não consigo dar laço
Eu nasci sem meus braços.

sim, somos diferentes
Somos deficientes
Mas também somos gente!


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Quem sou eu

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SANTA Mª DA BOA VISTA, PE, Brazil
Sou muito simples. Gosto de amizade sincera. Adoro o Deus que sirvo e amo minha família. Tenho Licenciatura em geografia desde 2000. Concluir minha pós em 2004 na área de Psicopedagogia, Sou concursada como professora de 1ª a 4ª e como professora de 5ª a 8ª em Geografia. Tenho experiência de 4 anos na Biblioteca Municipal da minha cidade. Trabalho como professora de educação Especial desde 1996, sou pioneira da área de educação Especial de santa Maria da Boa Vista.Atualmente, faço Atendimentos de AEE Infantil para 10 alunos de 3 a 9 anos, matriculados no Ensino Regular. Hoje posso dizer que realmente achei meu lugar, profissionalmente falando: Sou professora de Educação Especial com orgulho!!!

sábado, 12 de dezembro de 2009

ESCOLA: EXCLUSÃO E INCLUSÃO


Alunas surdas: Juliana e Josiane na Exposição da sua Escola atual.


Inicialmente um esclarecimento se faz necessário: os termos "exclusão" e "escola inclusiva" na educação têm sido associados aos casos de alunos com necessidades especiais de aprendizagem, isto é, portadores de deficiências físicas ou mentais. Sabemos, no entanto, que estes não são os únicos excluídos da escola. Nesta série iremos abordar outras causas de inclusão e exclusão, que precisam urgentemente ser debatidas, tendo clara a importância do atendimento dos portadores de necessidades especiais, tema que já tem sido trabalhado e que, certamente, merecerá abordagens específicas em outras séries.
Cada vez mais a escola e os professores estão tomando para si mesmos o desafio de garantir o sucesso de seus alunos na escola. Fala-se até em fracasso da escola e não mais em fracasso do aluno. Se nossos alunos não estão aprendendo, temos que tomar esse problema para nós e não devolver a "culpa" a eles, à família, às condições sociais, culturais e econômicas em que eles vivem. São estes os nossos alunos e é para eles que a nossa escola tem que se voltar. Sabemos também que de nada vale "repetir" ou "passar de ano" se o aluno continua não aprendendo. Esta série irá abordar a complexidade da tarefa educacional e dos fatores que interferem decisivamente nas possibilidades de uma escolaridade satisfatória para todos. É um convite para a reflexão a respeito dos aspectos gerados na escola e na própria sala de aula, que contribuem com a exclusão ou a inclusão dos alunos no sistema educacional, sem nunca esquecer que os excluídos da escola, geralmente, também são os mesmos que sofrem do processo de exclusão social.
Muito se discute sobre as condições necessárias para que os alunos aprendam no contexto escolar. Nessas discussões, são enfatizados os aspectos didáticos e as questões sociais, culturais. Sem dúvida, é necessário que essas questões sejam contempladas, pela abrangência que assumem na educação.
No entanto, estas questões não são distintas entre si, nem excluem os valores e atitudes que permeiam a relação entre o professor e os alunos. Assim, é fundamental que, ao discutirmos as situações de aprendizagens de leitura e escrita, de Matemática ou de qualquer outra área do conhecimento considerada essencial para a formação dos alunos, não esqueçamos, por exemplo, que enquanto nossos alunos aprendem Matemática, eles também aprendem outras "coisas", igualmente importantes. Aprendem sobre a sua própria condição de aprendiz - suas potencialidades e suas dificuldades - e vão construindo um autoconceito que, por sua vez, define suas atitudes em relação â vida, não só dentro da escola.
Sabemos que a educação se dá num contexto de relações entre pessoas, sabemos também que as pessoas agem segundo seus princípios e convicções e que estes nem sempre são suficientemente claros e conscientes. Com isso se quer dizer que o professor e seus alunos vivem num emaranhado de relações que podem contribuir ou não para a qualidade do ensino e, em muitos casos, tais relações podem ser fatores decisivos nesse processo.
A forma como o professor vê o seu aluno acaba muitas vezes por determinar a sua interação com ele, influindo necessariamente na sua auto-imagem e nas representações a respeito de si próprio, de seu desempenho como estudante e de suas possibilidades de aprendizagem. Estas representações são conhecimentos construídos na experiência escolar, mas que não são tão facilmente observáveis para o professor quanto aquilo que seu aluno está aprendendo nas aulas de Matemática, Português e outras áreas.
Esta série tem por objetivo tematizar com os professores aspectos da sua relação com os alunos, que muitas vezes estão submersos; nas suas atitudes. Cada programa irá abordar um recorte específico - não porque cada um deles se manifeste separadamente no contexto educacional - mas para que possamos refletir para além de uma constatação "discursiva" destas "dificuldades" e para um exame mais profundo de como nos colocamos em relação a elas. São questões de origem social e cultural, que se manifestam na sala de aula e produzem diferenças. Diferenças estas que precisam ser compreendidas, para que sejam respeitadas ou superadas.
Os recortes escolhidos por programa estão relacionados com os Temas Transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais, mas serão abordados na perspectiva não do "tema", mas de como aparecem na relação entre professores e alunos, explicitamente e/ou nas formas mais sutis. Trataremos, no 1º programa, dos fatores que estão em jogo para criar a disponibilidade para aprender, alertando sobre o papel profissional de acolhimento do professor e da qualidade do vínculo que ele estabelece com os alunos. O 2º programa irá se dedicar ao respeito à intimidade do aluno e como, muitas vezes, nossa atitude pode provocar situações de constrangimento e humilhação, com conseqüências desastrosas. 0 3º programa vai tratar do preconceito étnico, e restringiremos nossa discussão a como se manifesta a relação com o negro, uma vez que esta é a etnia mais expressiva no Brasil e mais discriminada também. 0 4º programa irá abordar, especificamente. o preconceito lingüístico, que tem permeado as propostas de ensino da Língua Portuguesa, e a falta de clareza sobre a riqueza das variações da nossa língua e as conseqüências que isso tem para os alunos. Por fim, o 5º programa se deterá nas semelhanças e diferenças entre meninos e meninas e como a atitude do professor também pode permitir ou não o desenvolvimento das potencialidades de seus alunos.
Se pensarmos na nossa prática como professores, podemos identificar "deslizes" que acontecem na dinâmica do dia-a-dia da sala de aula, pelo fato de não estarmos suficientemente preparados para conviver com as diferenças. Isso faz com que este seja um assunto difícil de ser abordado e é preciso encararmos estas reflexões, sem medo de sermos vistos como um profissional sem "ética", "desrespeitoso" ou "preconceituoso". Estas dificuldades estão presentes, são reais e dizem respeito ás diferenças étnicas, sociais, de aparência física, de personalidade, de gênero, lingüísticas e de estilos cognitivos. Para um exame mais profundo precisamos ultrapassar o "discurso" do politicamente correto para que possamos encarar com seriedade o que de fato acontece nas nossas relações com os nossos alunos e as contradições que todos vivenciamos nesse processo.

Bibliografia / Textos
AQUINO (org.). Autoridade e Autonomia na escola. Summus, 1999.
ARATANGY, L. R. O sexo é um sucesso. São Paulo. Ática, 1992.
BAGNO, M. A língua de Eulália. Novela sociolingüística. São Paulo, Contexto.
BAGNO, M. Preconceito Linguístico.
BRASIL. Ministério da Educação. Cadernos da TV Escola, nº 4. Brasília, SEED/MEC, 1998.
COOL, César et al. O construtivismo na sala de aula. São Paulo, Ática, 1997.
LA TAILLE, Y. Limites: três dimensões educacionais. São Paulo, Ed. Ática, 1998.
PIAGET. Sobre a Pedagogia. Casa do Psicólogo, 1999.
PUIG. Construção da personalidade moral. São Paulo, Ática, 1998.
TRINDADE, Azoilda Loretto da. Negritude e escola.
WEISZ, Telma. O Diálogo entre o ensino e a aprendizagem. Série Palavra de Professor. São Paulo, Ática, 1999.

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